By 27 de março

Após 17 anos seguidos de margens em geral positivas, boa parte dos produtores brasileiros de soja deverá registrar resultados negativos nesta safra 2023/24, segundo cálculos da Datagro. Embora os custos tenham caído, sobretudo por causa da queda dos preços de insumos como fertilizantes e defensivos, as cotações da commodity também recuaram. Nessa equação, o fiel da balança é a produtividade, e com os problemas climáticos gerados pelo El Niño esse fator não será suficiente para salvar a conta em polos agrícolas de várias regiões do país.

A consultoria reduziu sua estimativa para o potencial da produtividade média das lavouras na atual temporada para 3.233 quilos por hectares, ante os 3.592 quilos projetados em julho do ano passado, antes do início da semeadura.  No ciclo 2022/23, a média alcançou o recorde de 3.589 quilos por hectare. Ele realça, ainda, que a queda dos preços dos insumos se deu sobre uma base muito elevada – ou seja, não significa que os produtos ficaram baratos.

Só conseguirá atingir o 18º ano de lucratividade bruta favorável aqueles produtores que obtiveram sucesso na produtividade média. Temos sinalizações abaixo dos resultados ainda positivos de 2023, e muito abaixo dos excepcionais números de 2020, 2021 e 2022, com indicação de custos de produção menores, mas cenário pior de preços domésticos e produtividades seriamente comprometidas.

Segundo as últimas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de soja deverá somar 146,9 milhões de toneladas em 2023/24, 5% menos que em 2022/23 (154,6 milhões, um novo recorde). No início da semeadura, as previsões públicas (Conab e IBGE) e privadas indicavam que o volume superaria 160 milhões. Para algumas fontes, a atual safra de soja se aproximaria de 170 milhões de toneladas, mas o calor e as chuvas irregulares em áreas do Centro-Oeste e do Matopiba frustraram as expectativas.

Fonte: Infomoney